Foto: Vinicius Becker
Impacto urbanístico em acesso principal do campus sede é preocupação da UFSM e comunidade
Após audiência pública com a comunidade, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) voltou a manifestar preocupação com o projeto de duplicação da RSC-287, no trecho conhecido como Faixa Nova, especialmente na rotatória da Avenida Roraima, principal acesso ao campus-sede.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Em entrevista ao Bom Dia Cidade nesta terça-feira (28), o diretor do Centro de Tecnologia e futuro vice-reitor, Tiago Marchesan, reforçou a defesa de revisão da proposta apresentada pela empresa responsável pelos estudos, a Engemin, e reforçou a necessidade de diálogo técnico com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
– O projeto nos preocupa principalmente na intersecção da Avenida Roraima com a RSC-287. Hoje, aquele espaço é um parque linear da cidade, que muitas pessoas utilizam para esportes, caminhadas e corridas. Na forma até onde tivemos acesso ao projeto, o tipo de construção utilizada naquele viaduto nos preocupa pela divisão que causa no bairro, mas também na entrada da universidade – afirmou.
Marchesan comparou o modelo de viaduto proposto, com grandes paredes laterais de sustentação, ao que foi construído no entroncamento da ERS-509 com a BR-158, no chamado Trevo do Castelinho, que, para ele, causou impactos urbanísticos na região.
– Causar esse mesmo impacto na entrada da Universidade Federal de Santa Maria, que é um dos cartões-postais da cidade, nos preocupa. Por isso, a universidade integra essa força-tarefa junto com várias forças vivas da cidade na discussão desse projeto – destacou.
A instituição propõe alternativas de engenharia que minimizem esses impactos, como uma rotatória ampliada com alças de acesso diretas ou um viaduto elevado sustentado por estaiamentos, modelo que dispensa o uso de paredões.
– A universidade, com certeza, é favorável à duplicação da Faixa Nova de Camobi. Precisamos dessa duplicação. Mas que possamos fazer uma outra intersecção, mesmo que em rótula, com alças de acesso direto – explicou.
O diretor do CT defende que o projeto deve ser pensado de forma integrada, incluindo as conexões com a ERS-509 (Faixa Velha) e com o acesso ao aeroporto. Segundo ele, tratar a intersecção de forma isolada pode agravar os problemas de mobilidade urbana:
Rediscutir o projeto

Durante audiência pública realizada em Camobi, que reuniu cerca de 150 pessoas, moradores e comerciantes também demonstraram preocupação com o impacto da proposta. Marchesan afirma que o posicionamento da comunidade reforça a necessidade de rediscussão:
– As pessoas que estavam lá deixaram muito claro que a solução apresentada não atende ao bairro, não atende ao comércio local e nem às pessoas que transitam ali diariamente. Há, sim, uma necessidade de rediscutir o projeto – avaliou.
Segundo o futuro vice-reitor, o assunto deve voltar a ser debatido na Câmara de Vereadores, com participação de representantes da universidade. A data não foi confirmada.
O projeto

Pela proposta elaborada pela empresa Engemin e encaminhada ao Daer, o projeto do novo trevo da UFSM prevê que as quatro pistas da RSC-287 (Faixa Nova) passem por cima de um viaduto no cruzamento com a Avenida Roraima. A rotatória existente seria substituída por uma estrutura alongada, com novos acessos laterais. Quem sai da universidade poderá seguir reto por baixo do viaduto, sem necessidade de parada.
Já os motoristas que quiserem seguir em direção ao Centro, pela Faixa Nova, precisarão fazer um retorno à esquerda e ingressar na rodovia pela via lateral. No sentido contrário, quem vem do Centro poderá entrar no campus por uma alça lateral, situada entre o viaduto e o prédio do Corpo de Bombeiros. Para os condutores que saem da Base Aérea e pretendem acessar a UFSM, o trajeto exigirá descida pela lateral do viaduto, retorno na Roraima e então o ingresso no campus. Sob o viaduto, o projeto também prevê dois pontos de retorno, tanto para quem vem do Centro quanto para quem sai da Base
O que dizem os estudos
O estudo do Grupo de Estudos em Mobilidade (GeMob) aponta que o trevo da UFSM já opera no limite de capacidade, principalmente nos horários de pico. O parecer alerta que a proposta do viaduto pode gerar saturação nas alças e retornos e conflitos de tráfego entre os fluxos da universidade e da Faixa Velha (ERS-509). O grupo também destaca impactos ambientais e urbanísticos, como ruído, alterações na drenagem, desapropriações e barreiras físicas que podem dividir o bairro.
Já o Laboratório de Mobilidade e Logística (LabMob) indica que o projeto pode criar entrelaçamentos perigosos na Avenida Roraima e interromper ciclovias e calçadas, contrariando o Plano de Mobilidade Urbana. O parecer cobra transparência nos dados de tráfego, novos estudos e medidas de mitigação ambiental. Ambos os grupos concordam que, sem ajustes e análises complementares, o projeto pode causar congestionamentos e perda de qualidade urbana na região.
Confira a entrevista completa